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Não escondam seus filhos, pede judoca com síndrome de Down

Publicado em 19 de março de 2015 às 19:04

Brasília – Em ato em comemoração ao Dia Internacional da Síndrome de Down, o judoca Breno Viola mandou um recado para os pais: “Eu sei que vocês têm medo de mostrar seus filhos para a sociedade, mas não tenham vergonha. Ao contrário, deem autonomia”, pediu. A fala emocionou mais de 500 pessoas que participavam do evento realizado pelo senador Romário, na tarde desta quinta-feira no Senado Federal.

Breno luta desde os três anos de idade, está com 34 e acumula vitórias. É faixa preta na modalidade, foi o primeiro atleta com Down a alcançar a graduação nas Américas, e já representou o Brasil nas Olimpíadas para Deficientes Intelectuais, na Grécia em 2011. Seu sonho é ver um atleta com a trissomia 21 disputar uma Olimpíada. “Nunca devemos duvidar dos nossos sonhos”, declarou. Além de atleta, Breno é ator, e já protagonizou o filme Colegas.

Esporte sem contraindicação – O presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro, Andrew Parsons, defendeu a atividade esportiva para as pessoas com deficiência. “A síndrome de Down tem características específicas, e alguns esportes não são aconselháveis, mas com a devida orientação, todos os esportes são praticáveis, a exemplo do judô”, defendeu.

Portadores de vida

Durante o ato, Breno aproveitou para protestar contra o vocabulário que as pessoas usam para falar da característica genética. “Os médicos falam em risco de ter uma criança com síndrome de Down. Eles não podem dizer isso. Nós não somos um risco”, reclamou. Ele também disse que não gosta de ser chamado de portador da síndrome de Down. “Nós portamos vida. Essa lei que fala portador, me desculpe, é uma lei idiota”, corrigiu. O judoca encerrou o discurso elogiando o trabalho de Romário. Para ele, o nascimento de Ivy foi uma missão dada ao ex-jogador para acabar com o preconceito.